Páginas

domingo, 26 de agosto de 2012

Circo, uma palhaçada sem fim




De baixo dessa tenda vivem malabaristas, palhaços, pessoas e animais.
Vivem num show de guerras. O teatro é garantir a diversão.
Mas é preciso malabarismo e perfeição, se não, é demissão.
As pessoas riem como animais, gozam do palhaço e ele ri cada vez mais.

As pessoas vestem a máscara de gado.
É palhaçada que reflete por todo o lado. 
A risada contagia, neste mundo fechado.

Os animais são treinados, 
desde cedo aprendem calados.
E a plateia assiste, sentados.

É um verdadeiro circo. É uma palhaçada.
Uma luta constante para rir mais do que o outro.
O palhaço até se equilibra, mas basta um sopro
para escorregar e garantir a gargalhada.

Não há quem fuja. A graça é rir do outro.
O circo é a felicidade própria. 
O circo é uma piada.

Rogério Akamine

sábado, 25 de agosto de 2012

Rico de pobreza





Eu era rico, nadava em ouro e tudo me pagava.

A riqueza me abraçava e a felicidade cantava.
Mas o tempo ensinou que um dia o pode faltar.
A vontade de gastar era grande e não pude evitar.

A empresa era linda, mas em dores se partiu.
Choro o prejuízo e deito na pobreza.
O grande negócio agora é nada. Sumiu.
Onde foi a minha riqueza?

A grana agora é curta e a fome bate em meu peito.
O pouco que ainda tenho, só busco por refeição. 
Mas apenas consigo míseros pedaços de pão.
A busca pela comida me tormenta. 
Onde foi a riqueza que me sustenta?

Na pobreza agora me afogo e só vivo em dívidas. 
A pobreza me morde e enfraquece minha vida.
Eu divido a minha comida com mendigos.
Mas é dinheiro o que eles querem.
Onde foram meus amigos?

Me dou conta de que dou um deles, e a que a comida não me sustenta mais.
Tenho fome de dinheiro, o dinheiro que não se compra. Pão não quero mais.
A fome de dinheiro que vem de dentro, o dinheiro incondicional e nada mais.

De rico só tenho meu corpo. Pois a pobreza predomina em minha alma.


sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Minha Biblioteca perdida



Nessa imensa e antiga biblioteca cheia de pó estou perdido.
É fácil de se perder neste labirinto de livros.
Procuro meu o livro.
De um lado, livros velhos...
Doutro lado, livros empoeirados...
Continuo andando...

Ando, viro, olho, livros mofados.
Ando, agacho, olho, livros encardidos.
Ando, subo, olho, livros rasgados.
Ando, olho, olho, um livro limpo! mas amassado...
 Ando, olho, olho, pego, olho, um livro em branco...
Ando, viro, olho, pego, um livro sem capa... 
Ando, olho, pego, abro, guardo.
Ando, viro, ando, viro, olho, nada...
Ando, viro, olho, ando, ando...

...Preso eu continuo andando...
Encontrei muitos livros.
Mas cadê meu livro?
Ando, ando, olho, viro...


Rogério Akamine

Iluminada Sol





 Sol, a estrela brilhante, atraente e sufocante. 

De surpresa me aparece e espanta a tempestade. 
O céu que agora é limpo, recebe tua luz radiante. 
Brilha o resto de água, da chuva de maldade.
Agora reflete tua luz, a mais viva e contagiante.

É a fonte que aquece meu rosto, que ferve meu corpo, que esquenta minha alma. 
É a energia que me cria forças, que me dá a vida, e que me traz a calma.
 E de longe teus raios fortes me atingem. 
Sinto de perto sua presença calorosa.
A mais pura e a mais charmosa.

Depois da escuridão, um novo dia começa. 
É a luz que surge na Terra, 
 que por um momento julgava-se morta.

Já não há mais sombra que me impeça 
 de eu acabar com essa guerra. 
Pois agora nada me importa,
 
 quero só estar ao seu lado, 
 aquecido de seu calor.
O calor sagrado e sem dor.

Rogério Akamine

O Frio do Deserto




Os olhos ardem, a cabeça queima, os joelhos ralados, e o Sol me tortura a cada dia.
Rastejando sigo a água cristalizada e purificada, tão sonhada para matar minha sede, a sede que parece uma eternidade...

Maravilhosa e brilhante, de longe me espera, 
me seduz com seu olhar molhado e refrescante.

Sobre mim o Sol do céu que me queima. 
Sob os pés a areia do inferno, tão forte quanto o Sol. 
Nada parece a me ajudar...

A sede me domina, me leva e me arrasta, tudo só por uma gota de água. 
A água eterna, a água desejada, a fonte de vida, a água sagrada.

A cada passo mais desidratado o meu corpo fica, a minha vida, a minha sede. 
A água que pouco tenho em meu corpo, evapora em suór.

Vejo múmias largadas, secas e ambulantes. 
Vejo ossos queimados, derretidos e enterrados pela poeira. 
Prefiro não ver...

Dia após dia, 
chego mais perto e os olhos mal se mexem.
Pertubados e abalados pela decepção.

A água não era água, 
nem bonita, nem nada... 
Era só mais uma ilusão 
desse imenso deserto, 
chamado solidão.

Rogério Akamine

Fujo da vida, mas não fujo da morte.




Salve minha vida, mate minha morte e me dê a vida!
Não quero matar a vida e nem viver a morte!
Morrer vivo é matar a alma.

A alma viva morre na vida, mas não vive a morte.
A alma morta morre na morte e não vive a vida.

Mate a vida! A vida da morte! A morte assassina!
Se és assassina, então mate minha morte, não mate minha vida, 
minha vida está morta e minha morte ainda vive.

Morra na morte Morte assassina! 
Não viva em minha vida!
Viva à vida! Viva à morte! 
Viva à morte de minha morte!

Vivo-morto é minha vida.  Morto-vivo é minha alma. 
Vivo a vida de minha morte, 
pois minha vida já está morta e minha morte ainda vive.


Rogério Akamine

A Verdade Silenciosa


Verdade silenciosa, quando dita, em mentira se transforma.
A verdade é que vivemos a mentira , e matamos a verdade pela mentira.

Mentir é viver. Viver a mentira é suicídio.
Viver a verdade é mentira. Mentir a verdade é a vida.

A vida é mentirosa e mente aos mentirosos.
Os mentirosos mentem a vida, e a vida é a verdade.

Na verdade, a verdade só mente. Somente em nossa mente a mentira é a verdade.

Não vou mentir, a verdade já foi dita. 
A verdade é que acredito na mentirosa verdade.
A verdade da mentira, a verdadeira verdade, a verdade silenciosa.

Rogério Akamine

Postagens mais visitadas